segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

À minha filha Leonor

Querida filha,

Quando há mais de 13 anos decidimos ter-te, nunca pensei que coubesse tanto amor dentro de mim. Ver bebés e os filhos dos outros, apesar de todo o carinho que se possa ter por bebés, não se compara à sensação de ver um filho nosso, neste caso uma filha, nascer. Sim, chorei assim que te vi, a berrar bem alto, no momento em que nasceste. Desde esse dia nunca mais fui a mesma.

Não sou a mãe mais stressada do mundo, não sou a mais benevolente, não sou a mãe melhor amiga, sou a mãe Mãe, chata e  exigente. Puxo por ti porque sei que podes dar sempre o teu melhor. Sei bem que fazes caretas quando não concordas comigo, ou quando achas que estou a exigir demais. Mas também sei que é sempre comigo que vens ter quando as coisas não correm tão bem, quando tens algum problema, ou quando fizeste alguma coisa que não devias. Isso mostra-me que tenho feito o melhor que sei e que tem resultado bem.

Na verdade, foi contigo que aprendi a ser mãe. Apesar de tudo o que se diz sobre a intuição, sobre a natureza humana, eu acho que também há aprendizagem. Não tanto aprender a dar banhos e mudar fraldas, mas aprender a ensinar, aceitar diferenças, personalidades, disposições, ritmos. Podia falar neste post nas primeiras palavras que disseste, nos momentos em que deste os primeiros passos, no primeiro dente, que nasceu em terras espanholas, nas primeiras papas, no facto de sempre teres comido bem, de sempre teres detestado sopa, de teres sempre sido a mais alta da turma... Haveria muitas coisas para contar, para recordar, para rir, coisas essas que ficarão para sempre guardadas na minha memória e no meu coração.

Falo de aprender a lidar com o crescimento e com a personalidade. Herdaste do teu pai o feitio contrariador e a capacidade satírica, da qual resmungo, mas que na verdade admiro. É preciso ser inteligente para fazer as piadas que fazes, com um sentido crítico quase cirúrgico, e ficar impávida e serena enquanto que todos os outros se riem às gargalhadas. Falo em aprender a crescer contigo, de deixares de gostar de Hello Kitty e princesas, para quereres ver concertos do Agir ou do Shawn Mendes. Aprender a ver-te crescer, não em altura, porque a isso habituei-me cedo, mas em maturidade. Aprender a aceitar que, ao contrário de mim, falas pouco, ao telefone és monossilábica, não és expansiva e mesmo assim tens facilidade em fazer amigos, bons amigos. Aprender que, apesar destas diferenças todas, temos uma relação maravilhosa, próxima, na qual nem uma nem outra precisa de falar.

Por tudo isto, este post é dedicado a dizer-te que te Amo, mais do que alguma vez pensei ser possível amar alguém, e que tenho muito orgulho em ti. Tenho orgulho na menina correta que és, que sabe bem o que está certo e errado e que, como todas as meninas, faz as suas asneiras, mas sabe reconhecer e arrepender-se quando o faz. Tenho orgulho na boa amiga que és, na amiga que guarda segredos e que não conta a ninguém, nem mesmo a mim, que é fiel aos seus amigos. Tenho orgulho na menina responsável em que te estás a tornar, bem sei que também estás a aprender a ser adolescente, para vir a ser adulta, mas já sabes o que tens e deves fazer, de acordo com a tua idade. Tenho orgulho na irmã que és, por vezes exigente demais com as tuas manas, mas muito protetora quando assim tem de ser. E tenho orgulho na filha que és, por vezes resmungona, nem sempre obediente, mas sempre preocupada quando achas que algo não está bem. 

Tem sido assim, tem sido desta forma que tenho aprendido a ser mãe, a crescer contigo, a partilhar contigo e tem sido muito bom. É contigo que vou continuar a aprender a ter uma filha adolescente (pois já és teen - fazes 'thirteen'), mais tarde a ter uma filha adulta e, quem sabe, a ter uma filha mãe. Na verdade, o que eu desejo é conseguir cumprir bem o meu papel e ajudar-te a ser feliz, pois tu tens cumprido muito bem o teu e fazes-me muito feliz.

Obrigada minha querida, por seres como és.




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